Regularização da chuva e bom cenário para Agricultura

Confirmou-se a regularização da chuva mais rapidamente no Brasil que em 2020. Como falamos em setembro, embora estejamos sob mais um fenômeno La Niña, a falta de chuva no ano passado aconteceu por um superaquecimento sobre o Atlântico Norte e que “puxou” toda a precipitação da América do Sul para as Américas do Norte e Central. Neste ano, a temperatura do oceano Atlântico está mais equilibrada.

Mas esta regularização foi além da conta em algumas áreas do Brasil. Dos 10 municípios mais chuvosos de outubro até o dia 22, metade ficam no Sul, mais precisamente no Paraná. Guaíra, no noroeste do Estado, recebeu mais de 350mm em pouco mais de 20 dias, o dobro do normal para outubro. Embora não apareçam municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em quantidade de chuva, a frequência de precipitação foi elevada nas últimas semanas. Em Passo Fundo-RS, choveu 10 dos 22 dias possíveis de outubro, isso sem contar a precipitação que já vinha acontecendo de forma frequente desde meados de setembro. Apenas para complementar, em Chapecó-SC, choveu em 12 dos 22 dias possíveis.

Figura 1 – Precipitação acumulada e desvio da precipitação em relação à média para os primeiros 22 dias de outubro – Fonte: INMET

Em um primeiro momento, o produtor aproveitou e acelerou a instalação das culturas de primavera, mas, neste fim de outubro, a chuva acontece de forma tão frequente, que o solo está completamente encharcado nos três Estados. Além disso, a baixa temperatura não ajuda na secagem do solo e não deixa a temperatura do solo em um patamar adequado para a instalação especialmente da soja no Rio Grande do Sul.

Figura 2 – Umidade do solo no Brasil em 22 de outubro de 2021: solo encharcado no Sul

Muito bem. Sempre falamos que o La Niña aumenta a chance de estiagens no Sul. E o fenômeno já está ativo e será moderado até o fim do verão de 2022. Mas nesta altura, o que a Região Sul mais precisa é justamente de tempo seco e calor. E justamente a partir de agora, com a precipitação espalhando pelo centro e norte do Brasil, a chuva enfraquecerá sobre o Sul. E a situação será favorável, porque não iremos do “80 para o 8”, ou seja, a chuva não irá cortar completamente sobre a Região. Ela continuará acontecendo, mas de forma mais espaçada e com aumento da temperatura do ar e do solo.

E se a chuva enfraquece no Sul, a “gangorra da precipitação” penderá para o centro e norte do país. Novembro será um mês com precipitação frequente e acima da média no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. O Estado do Espírito Santo, área forte na produção do café conilon, já recebeu chuva forte em outubro e continuará sob precipitação intensa em novembro. Uma exceção das Regiões com chuva forte será o sul de São Paulo, que “sentirá” o espaçamento da precipitação, assim como a própria Região Sul.

Figura 3 – Precipitação prevista e desvio da temperatura previsto até a primeira semana de novembro no Brasil: chuva enfraquece, mas não para completamente sobre o Sul; além disso, o calor retorna ao Rio Grande do Sul.

Por Celso Luiz Oliveira Filho, Agrometeorologista da Climatempo.

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La Niña e os impactos na safra de verão

Em sua última atualização, a Agência Americana de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) afirmou que há chance de até 70% do desenvolvimento de um novo fenômeno La Niña até o fim de 2021. A notícia arrepiou dos pés à cabeça muitos produtores Brasil afora. Isso porque o atraso da regularização da chuva na primavera do ano passado gerou problemas em cascata, fazendo com que quase metade da segunda safra de milho fosse instalada fora da janela ideal. O resultado foi uma baixíssima produtividade associada à estiagem e às geadas.

Figura 1 – Gráfico com a probabilidade de desenvolvimento do fenômeno La Niña (barras em azul) para os próximos trimestres. (Fonte: CPC/IRI)

De fato, o fenômeno La Niña, que é o resfriamento das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial faz com que a regularização da chuva atrase no Brasil. As frentes frias avançam de forma mais costeira e nem sempre canalizam a umidade da Amazônia. Além disso, a própria chuva da Amazônia costuma despertar de forma mais tardia sob um Pacífico frio. Mas o atraso observado no ano passado não foi gerado apenas pelo La Niña. Os fenômenos La Niña e El Niño têm um marketing bem significativo, não sem razão. São os fenômenos que mais mexem com o padrão de chuva e temperatura no Brasil. Mas estamos rodeados também pelo oceano Atlântico, que influencia o clima no Brasil.

E até mesmo o oceano Índico, do outro lado do mundo, de vez em quando dá uns pitacos na chuva e temperatura em terras brasileiras. Então é importante perceber o peso de cada fenômeno ou oceano e entender quais serão as semelhanças e diferenças comparando-se a safra passada com a próxima.

No ano passado, além do resfriamento do Pacífico, observou-se grande aumento da temperatura do oceano Atlântico Norte. Tanto que a quantidade de furacões em 2020 foi recorde. Um outro efeito do aquecimento é fazer com que chova mais intensamente sobre o Hemisfério Norte (Américas do Norte e Central) que na América do Sul. Observa-se um atraso ainda maior da regularização da chuva quando o Atlântico Norte aquece.

Já neste ano, o Atlântico não está tão aquecido. Ainda existe o La Niña, que fará com que a regularização da chuva demore mais que o normal, mas não há expectativa de nada excepcional. Então, uma boa notícia para os produtores do Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste é que a largada do plantio não será tão tardia como em 2020, o que pode fazer com que a segunda safra de milho também não sofra tanto como aconteceu no primeiro semestre deste ano.

Figura 2 – Gráfico com a oscilação da temperatura do oceano Atlântico nos últimos 12 meses: no ano passado o Atlântico Norte estava mais quente, atrasando a regularização da chuva no Brasil
(Fonte: UNIFEI)

No Sul, embora a chuva seja mais frequente em setembro sobre o Rio Grande do Sul e em outubro em Santa Catarina e Paraná, a partir de novembro, veremos chuvas mais espaçadas e o surgimento de veranicos e estiagens regionalizadas, que podem diminuir a produtividade de milho e soja. Isso também vale para a Argentina e Paraguai, países que correm maior risco de estiagens a partir do fim do ano.

Por outro lado, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e as Regiões Norte e Nordeste devem ter um verão e início de outono mais chuvosos. Se por um lado, a chuva frequente diminui o risco de perdas por baixa umidade do solo, a precipitação mais frequente pode atrapalhar atividades de campo, inclusive da colheita da soja e instalação da safrinha. Além disso, chuva persistente também aumenta a chance de apodrecimento de maçãs do algodão.

Figura 3 – Mapas com a previsão de probabilidade de chuva acima (verde e azul) ou abaixo (amarelo e marrom) da média nos próximos trimestres setembro-outubro-novembro e dezembro-janeiro-fevereiro.

Autor: CELSO LUIZ DE OLIVEIRA FILHO | AGROMETEOROLOGISTA

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Frente fria mantém a umidade do solo, mas derruba as temperaturas na Região Sul nos próximos dias

A recente passagem de uma frente fria pelo Sul do Brasil deixa muita umidade sobre a Região. O ar frio de origem polar que acompanha este sistema causa acentuada queda da temperatura. Por isso, a quarta-feira (11) segue fria e úmida sobre a Região Sul, mas o sol aparece um pouco no interior dos estados. 

O tempo fica chuvoso no leste do Paraná e de Santa Catarina, inclusive em Curitiba e em Florianópolis. A chuva é mais persistente e volumosa nas áreas litorâneas. Também chove na região de Ivaí, no Planalto Norte e no litoral sul de Santa Catarina, que devem receber os maiores volumes entre a quarta e a quinta-feira (12).

O sistema avança para o oceano e não consegue provocar precipitação significativa em áreas produtoras do norte do Paraná e também do Sudeste e Centro-Oeste do país. Algumas áreas do norte paranaense já estão com umidade do solo inferior aos 60%, começando apresentar condições de estresse hídrico à culturas de inverno.

Ar frio polar

Na retaguarda da frente fria, uma massa de ar frio avança para o Sul do país, gerando declínio acentuado nas temperaturas, especialmente no Rio Grande do Sul. Entre hoje  (11) e a quinta-feira (12), há risco de geadas na metade sul gaúcha, além das áreas de serra. Essa onda de frio não será intensa. Até há expectativa de queda nas temperaturas entre Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, mas sem risco de geadas em áreas produtoras. Veja o mapa abaixo:

Na retaguarda da frente fria, uma massa de ar frio avança para o Sul do país, gerando declínio acentuado nas temperaturas, especialmente no Rio Grande do Sul. Entre a quarta e a quinta-feira há risco de geadas na metade sul gaúcha, além das áreas de serra. Mas essa onda de frio não será intensa. Até há expectativa de queda nas temperaturas entre Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, mas sem risco de geadas em áreas produtoras.

É melhor saber o que está por vir em sua propriedade para poder tomar medidas preventivas. Por isso é essencial monitorar os riscos e evitar perdas com o Agroclima Pro.

Como planejar uma safra e monitorar sua fazenda?

Otimizar o plantio, ficar de olho no Clima para avançar com os trabalhos no campo e observar o desenvolvimento da cultura para evitar perdas são algumas das decisões que você produtor rural precisa tomar durante a safra. 

Agroclima Pro é um serviço de tecnologia da Climatempo que utiliza o conhecimento meteorológico. Com ele você pode acessar o histórico de dados de Clima para sua fazenda e pode detectar áreas com menor vigor vegetativo. Além disso, você fica sabendo como será a demanda hídrica da sua lavoura nos próximos 15 dias e ainda consegue identificar os melhores dias e horários para realizar as pulverizações.

Como o clima impactou a safra verão 2021 e como se proteger para a próxima safra

A irregularidade das precipitações nos meses de outubro e novembro marcou o início da safra verão 20/21. Em várias regiões do Brasil a semeadura da soja ganhou ritmo somente em novembro, não sendo difícil encontrar regiões com plantio em pleno dezembro. O atraso na implementação da principal cultura de verão acabou jogando a segunda safra para meses de alto risco climático, seja por conta da redução drástica das precipitações (estação seca) ou então por conta da susceptibilidade aos eventos de frio no outono-inverno.

O impacto do clima na safra verão foi tão devastador, que o Instituto Matogrossense de Economia Aplicada (Imea) estima que as perdas atinjam R$ 1,3 Bilhões de Reais devido ao excesso de chuva observado durante os meses de fevereiro e março, o que têm causado avarias importantes nas lavouras de soja no Mato Grosso, em média na ordem de 15%. Fora o problema no Mato Grosso, diversas regiões do Sul e Sudeste estão com a colheita da soja atrasada, o que inevitavelmente jogará o milho safrinha para as condições de frio durante o outono. Exemplo disso é no estado do Paraná, onde ainda restam pouco menos de 30% de área a ser implementada.

O sucesso das safras está diretamente relacionado às boas condições climáticas, e por isso o conhecimento antecipado da tendência da distribuição das chuvas é um artifício que deve ser considerado no momento de planejamento da safra. Escolher as melhores épocas de plantio é parte desse planejamento, que tende a ser melhor executado com a utilização de informações climáticas de qualidade.

Para isso, a Climatempo fornece o melhor relatório climático regionalizado do mercado nacional. Empresas no Brasil e na Argentina, além das principais cooperativas agrícolas do Sul do Brasil têm tomado suas decisões baseadas nos indicadores de precipitação e temperatura fornecidos pela Climatempo.

Por João Castro, Agrometeorologista da Climatempo.

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